quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Festejar o quê?

O dia 15 de Outubro é destinado ao professor. Aquele ser que se dispôs a perpetuar a formação educacional dos filhos desta nação, um sentimento nascido, há muito, desde criança.
Os hoje professores viam com grande satisfação a tarefa-sonho de desenvolver a arte de educar outros, de ver surgir discípulos que superassem seus mestres, dando continuidade ao processo de, mais que salutar, facilitar ao educando a luz do conhecimento que o engrandece, faz crescer um país, constrói obras monumentais, abre caminhos para realizações e amplia diversos horizontes para muitas conquistas.

Festejar o que? Outrora, tal data era motivo de comemoração ante o reconhecimento de todos pelos seus abnegados mestres, os mui dignos “senhores - facilitadores” à luz do saber.
Hoje, a chacota, o desprezo, o desmerecimento, o riso de desdém sobram na face de quase todos que simplesmente jogam seus mestres na vala do ostracismo, enquanto os “senhores” do poder fazem troça, soltam cães policiais a morder professores, implementam políticas ridículas que jamais surtiram efeitos práticos, pois sempre há interesses envoltos na corrupção.

Aos mestres sobram neste dia às lamurias, não há flores nos esperando no jardim; elas secaram de desgosto. Não há bombons de chocolate, há sim, as muitas bombas de efeito moral e o porrete nas costas, sobram pesares, dores incontidas, sofrimentos incontestes, frustrações desmedidas e o gosto amargo em meio às lágrimas sufocadas pelo descaso.

A indiferença é o pior dos descasos, salarialmente os professores são aviltados em seus esforços por um pagamento miserável agora compensado pelo “vale-tempero” que a propaganda oficial coloca como um grande benefício (cem reais) que mudará, para sempre, a vida de todos, mas que não nos permitiu nem comprar o bico do pato para o dia do Círio.

Mantemo-nos, às duras penas e muito sacrifício, às vezes à míngua, esquálidos, mas em pé, vivos, trabalhando com o mesmo afinco e compromisso a que nos propomos, de ajudar esta nação a formar seus filhos, sobrevivendo da esperança, de que, quem sabe um dia, talvez no juízo final, as nossas reivindicações sejam finalmente, atendidas.

Professor Kleber Duarte.

3 comentários:

Mikasmi disse...

Tem razão, festejar o quê?

O quanto temos sido mal tratados, a ideia negativa que a opinião pública tem contra nós, fruto da propaganda anti-professor que pelo menos o nosso governo faz.
Festejar a desconsideração, a incompreensão, as horas de trabalho que ninguém reconhece.

Festejar o quê?

Um abraço

Arthurius Maximus disse...

Concordo plenamente com o artigo e escrevi um quase na mesma linha outro dia. O magistério está abandonado e sem qualquer estímulo.

Consultor Previdenciário disse...

Realmente os professores tem pouco a comemorar. Hoje somente os idealistas continuam ou querem ser professor.